Invernos d’alma
O dia nublado acinzenta também a alma e tudo em nós se volta para os relâmpagos que pintam o céu e para os trovões que sonorizam os ventos. A tempestade que se anuncia põe-nos amedrontados, cansados e logo corremos para nos esconder embaixo da cama-medo onde tudo é escuro ou mesmo sob o abrigo quente do cobertor-esperança.
Nos invernos da alma, o tempo faz-se incógnita, o sol se esconde e só enxergamos a tempestade. Sob o esconderijo do medo, as trevas se intensificam e o frio das dúvidas faz-nos míopes ante o sol que, mesmo escondido, brilha. Sob o aquecido cobertor da esperança, visíveis se tornam os súbitos clarões que, em sua transitoriedade, dão-nos flashes do Sol oculto do amor.
Nossa alma muito se detém nos ventos, nos trovões e na violência das águas, olvidando-se que também o dilúvio teve seu fim em quarenta dias. Voltamos nossos olhos para a cruz, para os pregos ensangüentados sobre as pedras e esquecemos de volvê-los para o túmulo vazio.
Também nós fomos eleitos para testemunhar a glória de Deus manifesta no mistério da encarnação e anunciar suas inúmeras obras realizadas em nossas vidas. Contudo, nossa eleição não se dá somente para os momentos de milagres, mas também para os de crucifixão.
Aos eleitos, a cruz e o céu!
2 comentários:
To lembrando desse!!!! Lindo...
Eita formadora, rasga logo tudo... tudo que resta... se ainda resta alguma coisa...
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