segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estranheza essencial

O mundo canta as distrações infantis do adulto
que se distrai tanto com imperfeições pessoais,
comportamentais, estruturais, banais...
E o infantil onde fica?
perdido nos encontros da chuva com a terra,
no perfume único que tal simbiose produz.
Fica perdido nas folhas secas que não são mortas,
mas, distraídas, são colhidas pelo vento dos outonos amarelecidos,
não velhos: fecundação para flores novas e verdes de matizes recém-criadas.
A essência se perde nas distrações incultas, insólitas e estéreis
de quem perdeu a beleza de ser quem é.
O mundo muitas vezes culpado de tantos crimes,
de tantas perdas, de tantos vazios
nem perdeu a essência de ser belo,
incompreensível, mas misteriosamente belo.
Inseparáveis


Nada há que se fazer quando a noite vem.
Apenas ficam marcas de uma identidade
qual pegadas de sorrisos e brincadeiras passadas.
As luas não são mais as mesmas, não há estrelas para contar.
Não há raios, prata nem luar.
Somente um sabor de ausência
e a lacuna do que já se foi para longe...
muito além do que se possa escrever, falar ou sentir.
O frio da manhã congela o pranto do meu ser.
Branca, gélida manhã sem canto, sem cor, sem pipa.
Neve que fere e emudece a dor que grita em meu peito:
metade minha que se fez parte
metade minha que partiu
parte minha que se foi
parte minha que não está mais.
Metade minha que ainda é...
Vida a voar no meu céu...
Voz a ecoar na minha noite...
Riso a pintar o meu dia.