segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Canto simples de amor ao claustro

No deserto em que habita minh’alma, prostro-me a teus pés e contemplo tua face.
A cada gota do teu sagrado sangue escorrem dos meus ressequidos olhos
as lágrimas que selarão nosso eterno elo: nossa aliança.
Nesse encontro de sangue e lágrimas, sinto-me uma em ti e Tu um em mim
e, assim, minh’alma inflamada de amor por ti
alça longínquos voos nos ares da Pátria Celeste.
Renunciando à minha vida para ser prisioneira de ti,
coloco em tuas mãos mais que corpo: alma.
No ágape primeiro, bebo contigo o cálice de fel que um dia saciou tua agonia
e que hoje me parece a mais doce agrura que provei.
Cada rosa que trago em meus braços dou-te e ao banhar-te de pétalas
perfumo tua dor: fragrância santa que inunda meu ser.
Fidelidade eterna na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,
eis aí meu juramento renovável a cada inspirar.
Trocamos as chagas, joias raras que figuram em tuas mãos,
como aliança de matrimônio indissolúvel.
Ofereço-te, ó Amado meu, os véus que enfeitam meu rosto
e de Ti recebo a coroa de diamantes pontiagudos que ora me orna a cabeça.
Do sangue que me banha a face, tenho certeza de que estou me consumindo por amor de Ti
e, mesmo quando o Pai já me tiver abandonado,
repetirei, no suspiro último, meu juramento.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Confissões para quem me conhece inteiramente...

Escolhas fiz à revelia de tua vontade com a ilusória intenção de encontrar a felicidade e guardá-la numa caixinha azul, dentro da gaveta do criado-mudo.

Todas elas foram erradas ou pseudo-certas.... eufemismo para não mais me envergonhar com meus fracassos na busca de ser o deus da minha história.

Arrebentei o pé com tantos tropeços, arranhei os joelhos com tantos escorregões, fendi a cabeça com muitos esbarrões, feri o coração com inúmeros enganos para descobrir algo tão simples: não há felicidade inteira fora de ti.

Fora de ti, sou parte, porque nem metade sou.

Sou parte sem complemento,vazio sem preenchimento.

Sou linha sem tinta, envelope sem documento.

Fora de ti, sou estrada sem passos, desenho sem contorno, imagem sem cor.

Fora de ti, sou vaso sem forma, olhar sem encontro, coração sem meta...sem sonho....sem vida...sem nada.



domingo, 10 de janeiro de 2010

E por falar em saudade...

Saudade de quem não precisa de holofotes porque tem brilho próprio.
Saudade de quem fita o horizonte na certeza de que lá está a certeza.
Saudade de quem apresenta a beleza como um sabor a ser experimentado com os olhos.
Saudade de quem personifica o amor na valsa da vida.
Saudade de quem ainda nem foi, mas ficará em marcas e memórias.
Saudade de quem fez eternos dez minutos de encontro.
Saudade de quem abriu meu livro e o leu com olhos verdes.
Saudade de quem reconheceu minha essência nos passos vacilantes.
Saudade de quem escreveu comigo o magnificat de minha história: minha consagração.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sobre um encontro

Um dia a chamei Estrela do Oriente, mas hoje chamar-lhe-ia Raio flamejante, pois que não me apresentou um Jesus Menino, e sim um Jesus Ressuscitado a quem apresentava com sua dança transformadora.

Desde então, nunca mais fui a mesma: um Jesus me seduziu. Um Jesus que não estava representado naquela cruz brilhante que dançava no corpo dela, mas que eu podia ouvir me dizendo: “Vem, segue-me.”.

Apaixonei-me por um Jesus artista que tocou minha sensibilidade com a mistura de sons e arpejos de um corpo consagrado ao divino. Enamorei-me de um Jesus que não me condenou por minha grande lista de pecados, mas me acolheu em seus braços de amigo.

Desde aquele domingo, caminho em busca de um céu que é certeza, de uma doação que é lucro, de um sacrifício que é regozijo, de uma santidade que é impulsão.

Desde aquele encontro, caminho em busca de uma consagração: minha metade que me fará todo.